sábado, 26 de fevereiro de 2011

Deerhoof - Vs. Evil

Décimo primeiro álbum dos Deerhoof. Pouco mais de trinta minutos de música intensa que vão desde o pop dançavel ou melancólico até ao rock frenético, muitas vezes dentro da mesmo música. Um caos controlado, onde as mudanças de direção são tantas que nem vale a pena tentar esperar por algo convencional - a única forma de apreciar o álbum é deixar-nos guiar pela banda, eles, aparentemente sabem o que estão a fazer e o resultado final é um êxito completo. Um disco que deve ser ouvido do principio ao fim,  obviamente que não existe por aqui nada parecido com um single, mas de qualquer maneira destaco The Merry Barracks com um riff de guitarra contagiante, o interlúdio Let's Dance The Jet  e as vozes gémeas no sonhador Must Fight Current, ou  o que imagino ser um preferido das actuações ao vivo Secret Mobilization com Satomi Matsuzaki a brilhar nas vozes.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

I Like Trains - He Who Saw The Deep

Os I Like Trains mudaram muito desde 2007, ano do anterior Elegies To Lessons Learnt, a começar no nome, ligeira alteração de Iliketrais para I Like Trains (o nome continua péssimo), passando por alterações na formação da banda (perdendo um membro que não foi substituído), e acabando no som, que sofreu alterações significativas (uma tour de suporte aos Editors deveria ter soado como aviso). 
A banda amaciou, perdeu alguma da depressão profunda que os acompanhava e tentou a sorte com alguns refrões mais orelhudos, a distintiva voz de David Martin soa menos profunda e mais liberta. No fim de tudo, um disco mais acessível, mas ainda reconhecível e fiel à filosofia de trabalho da banda, com vários pontos altos, a começar logo pelo forte inicio de When We Were Kings e passando pelos preferidos Progress Is A Snake e Sirens. Este disco tem a particularidade de ter sido financiado pela banda e pelos seus fãs através do site Pledgemusic, tornando prescindível o intermediário "editora" para o seu lançamento, um procedimento que esperemos se torne cada vez mais usual, parecendo ser muito mais justos para os músicos.
Tive oportunidade de ver estes I Like Trains no mub'08, na altura fiquei impressionado com a qualidade e intensidade do seu espectáculo ao vivo, gostaria muito de os rever, mas como o a tournée de suporte a este disco nem passou perto, e não parece haver nenhum festival no panorama de festivais em Portugal que os encaixe ... é melhor esperar sentado.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

The Young Gods - Everybody Knows


No ano em que celebraram 25 anos de carreira, os suíços The Young Gods editaram o seu nono álbum de estúdio (Play Kurt Weill e Music For Artificial Clouds incluídos) intitulado Everybody Knows. A banda continua a ser como sempre nos habituou, exímios executantes e obcecados pelos detalhes, o que invariavelmente resulta em trabalhos com um som límpido e cheio de classe com algo novo para oferecer a cada audição, este não foge a esta regra. Everybody Knows parece ser uma combinação de todos os estilos que a banda foi incorporando no seu som ao longo dos tempos, se o título e as frequentes explosões de energia nos levam a  1995 em Only Heaven, Blooming faz lembrar a época de Second Nature e Mr. Sunshine remete para as suas mais recentes experiências em Knock On Wood ou No Land’s Man para o clássico Gasoline Man. Os exemplos são muitos e de fácil associação. No entanto, Everybody Knows aguenta-se muito bem como álbum por si só, tendo alguns momentos de excelência como o já mencionado No Land’s Man (com guitarras a sério) ou o tema que fecha o álbum Once Again.
Os The Young Gods estão bem e recomendam-se, chegar a este ponto da carreira e lançar dois ábuns de originais como o anterior Super Ready / Fragmenté e este Everybody Knows é obra, não admira que tenham tocado para um Hard Club cheio e tenham tido concerto esgotado em Lisboa,  resta-nos esperar que ainda tenham força para continuar por muitos e bons anos. Menção ainda para a excelente capa do LP, a convidar à compra do artigo oficial e se possível no formato LP.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Killing Joke - Absolute Dissent

Os Killing Joke são veteranos  respeitados como poucos, o trabalho e atitude de Jaz Coleman e companhia ao longo dos anos valeu-lhes um lugar de prestígio aos olhos de grande parte dos apreciadores de musica. Regressaram aos discos de originais em 2010, primeiro com o EP In Excelsis seguido mais no fim do ano com este longa duração Absolute Dissent, pela primeira vez após longos anos de alterações no line-up com os membros originais que lançaram o já distante LP homónimo em 1980 e pela primeira vez juntos desde 1982.
E regressaram em grande, Absolute Dissent é um desenrolar de grandes sons e boas músicas, mostra uma banda em grande forma, com energia de sobra e com ideias intactas e originais. O trio de abertura  Absolute Dissent/The Great Cull/Fresh Fever From The Skies chega a ser empolgante (como não será um concerto em 2011 destes senhores?) com riffs puxados ao máximo e refrões a convidarem a um acompanhamento a plenos pulmões. A partir daí o disco tenta  manter a qualidade, e vai conseguindo, as já conhecidas In Excelsis e Endgame seguem as linhas do já mencionado inicio, European Super State surpreende com os Killing Joke mais dançáveis que já se viram em anos e The Raven King, executado com muita alma num tributo a Paul Raven, ex-colaborador da banda, falecido há uns tempos atrás. É na segunda parte que as coisas decaem um pouco, mas não muito, as musicas mais pesadas não conseguem soar tão originais e perde-se um pouco da euforia inicial. Recupera-se, no entanto, o génio com as finais Here Comes The Singularity e o ambiente dub de The Ghost Of Ladbroke Grove quase a obrigar a uma nova audição de todo o disco.
Menção também para as letras, não é novidade que os KJ sempre foram uma banda política e socialmente empenhada, as letras são inteligentes e dão que pensar, uma raridade nos tempos que correm.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Crippled Black Phoenix - I, Vigilante

Regresso dos britânicos Crippled Black Phoenix em 2010 com I, Vigilante. Difíceis de caracterizar, entre o post-rock e o folk, os mesmo começaram por definir as suas músicas como "endtime ballads" na estreia A Love Of Shared Disasters e optaram por colar o rótulo de "endtime rock" neste último trabalho, talvez não tenha mudado tanto assim, a progressão é notória mas este parece ser o passo natural que a banda necessitava dar. O sucessor das edições "gémeas" 200 Tons Of Bad Luck, The Resurrectionists / Night Rider é bem mais simples do que a catadupa de musicas com que nos presentearam em 2009, sendo que é constituído apenas por 5 musicas mais um bónus no que quase se podia considerar um EP.
As quatro primeiras músicas são o corolário do melhor que os CBP fizeram até hoje, um sucesso a todos os niveis, o uso inteligente e eficaz de introduções está muito bom, principalmente o inicio comovente de Bastogne Blues e mesmo o enigmático principio do álbum. We Forgotten Who We Are pode muito bem tornar-se a musica definitiva para caracterizar esta banda, com dez minutos em crescendo e um piano perfeitos acompanhado pela voz de Joe Volk que soa melhor que nunca e Fantastic Justice a soar a sequela de Burnt Reynolds e a incorporar os ensinamentos dos heróis Pink Floyd, desta vez na medida certa.
É portanto estranho que no seguimento disto e para finalizar o álbum os CBP tenham conseguido gravar a pior música que já editaram, Of A Lifetime, uma versão de um cliché rock dos Journey, que não se consegue distanciar desse mesmo cliché e soa tão péssimo quanto o original. Quando tudo parecia não poder piorar, ainda nos é apresentado uma faixa "escondida", Burning Bridges, uma versão do tema do filme Heróis Por Conta Própria, por certo que eles apostaram no critério de comicidade para acharem que valia a pena gravar esta faixa, por mim foi um tiro completamente ao lado que só tem o lado bom de fazer com que a faixa anterior não pareça tão má.
No entanto, fica a consolação do botão de skip, e a ideia que se isto fosse um EP com as quatro primeiras músicas era um trabalho quase perfeito.