domingo, 21 de novembro de 2010

Scout Niblett - CCVF - 06/11/10

(c) preguiça
Regresso de Scout Niblett a Portugal, que depois de uma passagem por Lisboa chegou a Guimarães ainda com “The Calcination Of Scout Niblett” na bagagem.
Era essa uma das grandes diferenças para a ultima vez que tive a oportunidade de a ver ao vivo (no ano passado no Passos Manuel), acrescido de esta vez ela se ter feito acompanhar por um baterista, o que resultou num concerto menos intimista e mais fluído. “Too much fun!” foi dizendo a própria, enquanto dispendia bastante do tempo disponivel neste último disco que funcionou muito bem ao vivo, os trabalhos anteriores também foram visitados, no entanto deixou de fora a única música que foi sendo pedida pela plateia, Kiss (o que até nem foi mau). No fundo e em conclusão, com o catálogo que já tem à sua disposição, nem interessa muito o que escolhe para alinhamento, é a sua belissima voz que enche as medidas e encanta qualquer um que tenha a oportunidade de a ouvir.
O Café-concerto do CCVF em Guimarães estava cheio, e quem foi (mesmo os que não sabiam bem ao que iam) com certeza deu por bem gastos os 4 euros que desembolsou, uma quantia que comparada com os 22, 26 ou 30 que está na moda pagar por aí é irrisória, ainda mais quando se tem o prazer de abandonar a sala com a sensação de uma noite com música e ambiente quase perfeitos.

domingo, 24 de outubro de 2010

Linda Martini - Hard Club Porto - 23 de Outubro 2010

Noite de guitarras ao rubro...e de ambiente quente...muito quente... foi assim o concerto dos Linda Martini no Hard Club ontem à noite. Houve de tudo um pouco... a começar por uma sala muito bem composta, passando por uma numerosa e efusiva trupe de teenagers e finalmente o grupo, a sua música...
Comecemos então pelo espaço, apesar de algumas questões que ainda deve afinar, nomeadamente no que diz respeito à sinalética, o Hard Club, neste novo figurino apresenta-se em grande estilo. Nesta nosso primeira visita ao local ficamos impressionados com as suas potencialidades e aguardamos a próxima oportunidade de o visitar. A cidade necessitava de um espaço assim e o Hard Club é sem dúvida esse espaço. Boa acústica, bom equipamento, bom ambiente...
Com 30 minutos de atraso, lá entraram os 4 elementos da banda em palco, tímidos, com pequenos sorrisos, sob uma grande ovação. O novo disco à porta, o segundo, de seu nome Casa Ocupada, foi a base de todo o concerto, onde como em todos os concertos da banda se destacam as guitarras, os samplers, os efeitos e o poder da bateria. O ritmo desde logo foi intenso, muito dinâmico... intencionalmente a puxar. Quem via respondia ao que a banda debitava em cada música. Um processo de entrega partilhado entre banda e assistência, em cada uma das músicas, mesmo que a maioria delas ainda não tenha ainda visto a "luz do dia".
Não se podia esperar outra coisa dos Linda Martini, fomos mal habituados, e sempre acreditamos nas suas capacidades desde a primeira vez que os vimos ao vivo, há quase 3 anos em Guimarães.
Fomos ainda presenteados com 6 temas do disco anterior a começar com "Partir para Ficar", "Amor Combate" (cantado em uníssono pela assistência), Este Mar, A Severa e no encore "Dá-me a tua melhor faca" e "O amor é não haver policia".
As restantes contribuições musicais, ficaram da responsabilidade do novo disco... e que grande disco que vai ser.
O alinhamento foi o seguinte:
Nós e os outros;
Mulher-a-dias;
Amigos Mortais;
Partir para ficar;
Elevador
Amor Combate
S de Jéssica
Juventude Sónica
Ameaça menor
Este mar
A Severa
Queluz menos luz
Belarmino
Cem metros sereia

Encore

Dá-me a tua melhor faca
O amor é não haver polícia

O concerto termina, mas há a esperança do regresso, que cai por terra com o inicio da música de ambiente da sala. Resta o sabor que fica da noite bem passada e dos ouvidos a zoar do choque das guitarras e do poder da bateria. Sem dúvida um dos concertos de 2010, a ir directo para a prateleira do favoritos do ano.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Rosetta - A Determinism Of Morality


O último disco do quarteto norte-americano afirma-os como um dos nomes a ter em conta no género. Sem grandes inovações (tirando as vozes em "Release") e, talvez, com menor intensidade que o anterior "The Galilean Satellites", "A Determinism Of Morality"  não deixa de encher as medidas a qualquer apreciador da banda e do estilo. 
O ponto alto do disco acontece na tripla Relese, Revolve, Renew onde os Rosetta mostram ser mestres na criação dos ambientes sonoros dignos dos temas que lhes servem de inspiração, grandiosos e belos. Quando o tema titulo (um épico de 11 minutos em crescendo) finaliza, o dedo foge invariavelmente para o botão de play uma e outra vez. Um disco muito sólido para ser ouvido no momento certo e com o volume no máximo.

domingo, 19 de setembro de 2010

Helmet - Seeing Eye Dog

Aos 20 anos de carreira os Helmet regressam com a mesma fórmula de sempre, músicas curtas, ritmos pesados e melodias quase-pop. Seeing Eye Dog é um disco sólido capaz de agradar aos fãs de sempre mas que dificilmente irá converter um não conhecedor para o lado dos admiradores. Com um arranque em grande estilo - "So Long", o tema título e "Welcome To Algiers" a prometerem uma banda no topo da sua forma. Infelizmente a partir do tema quatro as ideias estagnam e o disco nunca arranca verdadeiramente para o que se poderia chamar um clássico instantâneo, sendo que o único momento a quebrar alguma monotonia ( o devaneio com uma cover de "And Your Bird Can Sing) é simplesmente mau e insere-se perfeitamente no lugar-comum: "O que é que lhes deu na cabeça?", ao ponto de ser claramente preferível que o disco tivesse uma música a menos.
Parece-me o melhor dos discos Helmet pós-reunião, mas longe de fazer esquecer os áureos anos noventa desta banda.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Its Alive... Its Alive...

(c) cochise_FAITH NO MORE

(c) cochise_ALICE IN CHAINS

(c) cochise_MOONSPELL

(c) cochise_THE DRUMS

O Optimus Alive é provavelmente o melhor festival do país. Dizemos isto por várias razões, mas a principal é sem dúvida o cartaz que é apresentado. O cartaz deste ano, nos 3 dias tem pérolas como Faith no More, Pearl Jam, LCD Sound System, Maniac Street Preachers, Gosssip, The XX, Girls, etc, etc, etc... e isso foi o que constatado na passada quinta-feira, dia 08 de Julho. Deslocamo-nos a Lisboa para ver o primeiro dia deste festival que nos oferecia nomes como Faith no More, Alice in Chains, The XX, The Drums, Florence and The Machine, Devendra, Kasabian, entre outros.

Face à oferta, foi necessário fazer opções, sendo que o que nos fez mover foi essencialmente Alice in Chains e Faith No More, estes, 17 anos depois de os ter visto no Porto pela primeira vez, no já desaparecido Pavilhão Acácio Lelo, à Boavista.

Assistimos a 4 concertos: The Drums, Moonspell, Alice in Chains e Faith No More. Tentamos assistir ao concerto dos The XX, mas foi impossivel chegar à tenda onde estava localizado o palco Super Bock. Ouvimos ao longe o concerto dos Kasabian, que juntamente com Moonspell nos pareceram as bandas à parte do cartaz deste dia.

Comecemos então com os The Drums, banda de Nova Iorque que acaba de editar o seu primeiro álbum, este quarteto apresentou-nos um concerto em versão enérgica e descomprometida. Estes The Drums revelaram-se bastante competentes nesta sua primeira vinda a Portugal, tendo posto a plateia a mexer e a cantarolar os hits mais conhecidos do grupo. Sem conhecimento de fundo do novo álbum, o qual em breve terá a sua revisão neste espaço, as suas músicas revelam-se entretidas, mas não nos parecem que fiquem na memória, para mais tarde recordar, muito pelo contrário. A sua música soa a Verão, num belo anúncio de uma qualquer marca de telemóveis... Sem deslumbrar, foram um começo bastante promissor do que nos esperava para resto do dia.

Também sem grande conhecimento da discografia, assentamos arrais em frente ao palco principal onde encontramos os Moonspell. No concerto, contaram coma presença da antiga vocalista dos The Gathering, Anneke van Giersbergen, que coloriu algumas das interpretações e deu algum ânimo à plateia. Os temas mais conhecidos, foram aqueles que mais fizeram vibrar os presentes e a mim também, que sem ser um grande conhecedor do universo musical da banda, vou conhecendo as músicas mais tocadas.

O concerto dos Alice in Chains foi bastante profissional. Estava com grandes expectativas, que apesar de não terem sido alcançadas na sua totalidade, não foram defraudadas nos perto de 60 minutos de concerto. Jerrey Cantrell é um líder, que não gosta de o demonstrar, mas toda a gente sabe que é ela que manda e que domina. A banda sem querer, gira em volta da sua personagem, e sem sendo intencional transmite um ar místico, a uma banda que ficará para sempre na história da música como sendo uma das precursoras do movimento grunge juntamente com Nirvana e Pearl Jam. O concerto foi uma mistura das grandes músicas do passado, aliado às músicas do novo disco. Esta opção, que se percebe, porque a banda continua e não quer viver à sombra do passado, revelou-se bastante interessante. A dinâmica em palco do vocalista William DuVall, contrastava com a presença de Cantrell e do baixista Mike Inez. O público vibrou e cantou e puxou pela banda durante todo o concerto.

Finalmente, chegamos aos Faith No More. O concerto da noite e um dos concertos do ano para mim. Mike Patton foi o homem desta noite. Ele sim um verdadeiro front man, que domina, que põe em alvorço, que anima, que insulta que critica… tudo isto ao mesmo tempo, em oscilações continuas. Senhor de uma voz capaz de ir desde os mais graves aos mais agudos, passando pelos falsetes, Patton foi o mestre-de-cerimónias da festa. Divertiu e divertiu-se. Falou sempre num misto de português, espanhol e italiano. Fez piadas sobre tudo e todos, dedicou a música Caralho Voador a Cristiano Ronaldo (“Que palhaço” dixit), cantou Evidence em português, pôs 38000 pessoas a cantar “porra caralho” em uníssono e ainda teve tempo para fazer crowd surf pelo púbico presente!Será difícil apagar da minha memória este concerto onde um best off das melhores músicas da banda foi apresentado. Músicas como Epic, Last Cup of Sorrow e Midlife Crisis foram cantadas em uníssono por todos os presentes. Tudo isto abrilhantado pelo resto da banda, também eles divertidos com tudo o que se estava a passar nesta noite em palco.

Foi grande, foi espectacular e tão cedo não me irei esquecer desta noite…

Eram 3h00 da manhã e estávamos a caminho. O sentimento era comum: Faith No More foram os reis do primeiro dia do Alive… e no carro rolavam já as suas músicas, no prolongamento de um concerto que nos deixou a todos bastante satisfeitos.

Wolf Parade - Expo 86

Numa banda que sofre, muitas vezes, pela excessiva comparação com os numerosos projectos em que os seus membros estão envolvidos, sabe bem esquecer tudo e ouvir este novo disco pelo que ele é, um indie-rock por vezes dançável e sem medo de guitarras que  acompanham  ou  abafam os sons electrónicos do costume. O primeiro tema “Cloud Shadow On The Mountain” é um bom exemplo de um mistura de estilos que se mantém por todo o trabalho e é um dos pontos altos do disco, acompanhado da excelente “What Did My Lover Say? (It Always Had To Go This Way)” com um sabor a Modest Mouse e “In The Direction Of The Moon” com um sabor bem acentuado  a anos oitenta (que é, aliás, para onde somos remetidos pelo título do álbum).
Os  créditos das músicas são repartidos pelos dois compositores da banda, sendo que Spencer Krug assina 6 temas e Dan Boeckner, 5. O facto de as três músicas que assinalei serem todas do primeiro deve querer dizer alguma coisa, mas longe de serem esses os únicos bons momentos do disco.
Não será artisticamente um sucesso completo, mas  será, sem dúvida, uma boa companhia para este Verão e um motivo mais para colocar esta banda na lista de “a ver ao vivo”.

sábado, 3 de julho de 2010

Milhões de festa

Uma surpresa muito agradável ganha forma neste novo festival que aparece em Barcelos para fazer frente a ... nada. Nenhum outro festival no panorama nacional se assemelha a este, uma verdadeira lufada de ar fresco, com a organização a apostar em bandas que circulam bem abaixo ou um pouco ao lado do radar das rádios, tvs, revistas musicais e afins. Um cartaz que aposta em nomes internacionais que em muitos casos já passaram pelo nosso país, e que também por isso se sabe terem os seus seguidores por cá. Ecléctico q.b. e promissor de grandes concertos e de muito rock'n'roll.
Atenção redobrada para a grande quantidade e qualidade de bandas portuguesas no alinhamento. Se houver dúvidas quanto à pujança da música feita em Portugal neste momento, então é só dar um saltinho a Barcelos no fim de semana do Milhões. Vê-mo-nos por lá.

domingo, 27 de junho de 2010

Micah P. Hinson - Micah P. Hinson And The Pioneer Saboteurs

Micah  P. Hinson é um singer-songwriter norte-americano com fama de problemático, e  uma trajectória ascendente na sua curta, mas recheada, carreira. Num estilo saturado de bons artistas,  e pouco tempo depois da edição de um disco totalmente composto por covers, este poderá ser o  trabalho que o afirmará no seu lugar como musico a solo.
“Micah P. Hinson And The Pioneer Saboteurs”  é um disco com um sabor muito americano, onde as excelentes letras se debruçam sobre os temas habituais (almas e amores perdidos com uma bandeira norte-americana ao fundo). O som, esse, consegue variar entre longos instrumentais (quase que se consegue ouvir algo de Earth ali no meio), orquestrados ou não, e músicas puramente singer-songwriter,  como na excelente “primeira” música “Take Off That Dress For Me”. Noutras, as mais fortes do disco e em maior número, Hinson faz-se acompanhar de banda, orquestração e coros, a lembrar,  por vezes, uns Lambchop ou até Interpol, principalmente nas vozes. Não é fácil encontrar um tema que sobressaia, sendo um trabalho onde se sente um aumento progressivo de intensidade até chegarmos ao fim com a “última”, e brilhante, “She’s Building Castles In Her Heart”. O final, com o enigmático “The Returning”, fecha o ciclo e prepara o caminho para voltarmos ao inicio e ouvirmos tudo outra vez
Não é, nitidamente, uma obra prima e não vai destronar os grandes nomes americanos deste estilo, mas é um disco sólido que me parece ideal para uma longa viagem solitária, ou então como única companhia numa qualquer noite mais introspectiva. 

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Harvey Milk - A Small Turn Of Human Kindness

Os Harvey Milk formaram-se no inicio dos anos noventa nos Estados Unidos, e editaram alguns álbuns até 1998, ano em que se separaram. Nesta altura poucos fãs desta banda de culto acreditariam que em 2010  estariamos a ouvir música nova, mas depois de se reformarem em 2005  já vão no terceiro disco de originais.
Com alguns devaneios estilísticos pontuais, o melhor que os Harvey Milk sempre fizeram foi  música pesada e lenta como o diabo, para quem gosta disso (é possivel não gostar?) este "A Small Turn Of Human Kindness" dificilmente pode ser batido. São 37 minutos de riffs prolongados e pesados como o raio, fazendo com que este disco se sinta bem à vontade junto de qualquer dos melhores discos de doom que têm sido editados nos últimos anos. A acompanhar este tipo de som temos, claro, as letras angustiadas, oprimidas, depressivas e miseráveis  ao máximo, também aqui os Harvey Milk não desiludem em músicas como "I Am Sick Of All This Too" ou "I Know This Is All My Fault".
A comparação mais acertada que me ocorre a este disco, é com uma brutal ressaca que se arrasta no tempo e que em certos momentos de calma parece que se irá desvanecer mas que se prolonga e prolonga e prolonga. O que, visto deste lado do metal pesado, é um sentimento glorioso.
Devar, muito devagar, lento, muito lento, as quatro velocidades deste disco, que sem precisar de acelerações pode muito bem vir a ser do que melhor se fez neste ano e neste estilo.

domingo, 20 de junho de 2010

Xiu Xiu - Dear God, I Hate Myself


O projecto de Jamie Stewart editou este ano mais um disco (o sétimo desde 2002 e o segundo para a editora Kill Rock Stars)  que era esperado com alguma impaciência, no entanto, a notícia que  algumas músicas teriam sido compostas numa Nintendo DS e um título como Dear God, I Hate Myself , poderiam levar a crer que o álbum seria  algo longe de se poder tomar a sério. O resultado supera facilmente estas expectativas e eleva a fasquia logo na audição do primeiro tema – “Gray Death”.
O que temos aqui são músicas de alto teor depressivo, mas que conseguem soar esperançosas – por ex.  “Chocolate Makes You Happy” ou “Dear God, I Hate Myself” -  devido a uma sensibilidade pop muito apurada. Os temas predominantemente Nintendo são os mais arriscados e fáceis de passar a frente (“Apple For A Brain” ou “Secret Motel”), mas o disco acaba por aproveitar bem esta inesperada fonte de sons e melodias e incorpora-las em bonitos temas como “The Fabrizio Palumbo Retaliation” ou “This Too Shall Pass Away” a lembrar até algum do trabalho de Owen Pallet.
Um disco que se pode tornar frustante ouvido  de principio ao fim, mas que merece ser descoberto música a música.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Temos Manta...


(Blood Red Shoes)

No próximo mês de Julho, nos dias 22, 23 e 24, o Jardim do Centro Cultural Vila Flor em Guimarães, recebe mais uma edição do Manta. Apesar de o intitularem "festival", o rótulo não é bem aplicado. Falamos de uma série de bons concertos, sem bandas de apoio, sem longos momentos de espera, num espaço maravilhoso, bem no meio da cidade, com uma bela vista sobre o Castelo e o Paço dos Duques e também sobre a Penha.
O cartaz deste ano revela-se altamente promissor! O Manta aliás, começa cada vez mais a ser um palco de lançamento de bandas que pouco tempo depois se afirmam no contexto internacional musical. Assim aconteceu com os Liars e com os Bishop Allen.
Aliado a isto, apresentam-se também bandas já com afirmação internacional como os The National (um grande concerto) e os The Young Gods.
Este ano o Manta não foge a este figurino e no cenário perfeito, apresenta-nos um cartaz composto por School of Seven Bells (22/07), Blood Red Shoes (23/07) e The Phenomenal Handclap Band (24/07).
Serão concerteza 3 grandes noites, como aliás tem sido hábito do Manta, onde a música se alia a um espaço cultural de referência e a uma cidade historicamente marcante.

domingo, 13 de junho de 2010

65daysofstatic - We Were Exploding Anyway

Eles avisaram com o EP que antecedeu este "We Were Exploding Anyway", a hora é de apostar na electrónica, pelo que já se esperava um pouco esta nova direcção. Neste disco as guitarras e a bateria continuam presentes, as música instrumentais e em crescendo continuam a ser a regra, só piano é que já não se encontra facilmente, está praticamente esquecido ou abafado sob muitas e ousados sons a puxar ao electrónico. Se calhar foi um passo ousado de mais, as ideias continuam lá e as músicas são boas, mas ao fim de algumas audições alguns pormenores revelam-se exagerados e difíceis de ignorar. "Piano Fights" parece ser a única música sem mácula, enquanto "Crash Tactics", "WEAK4", "Debutante" ou a parte final de "Tiger Girl" revelam momentos de brilhantismo. Menção honrosa para a participação de Robert Smith no tema "Come To Me", uma boa música a trazer as únicas vozes ao disco.
Os 65daysofstatic ter-se-ão recusado a estagnar num estilo já de si bastante saturado e pareceram querer criar um novo electro-post-rock, por mim tudo bem, o disco pode mesmo considerar-se um sucesso visto desta forma, mas não me parece que vá resistir ao tempo da mesma forma que os seus antecessores, e alguns dos seus temas mais brilhantes, conseguiram.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

PAUS+HEALTH - Casa da Música - 02/06/10


(c) cochise_HEALTH

(c) cochise_PAUS


Em véspera de feriado o caminho que se seguiu foi o da Casa da Música. HEALTH era o principal motivo de tal deslocação, isto porque o último disco da banda, "Get Color", nos surpreendeu pela positiva.
À chegada adivinhava-se que este concerto não iria ser uma enchente, nem para lá caminhou, mas que teríamos uma sala bem composta. Um ligeiro aparte, para referir que a Sala 2 da Casa da Música é o espaço ideal para sonoridades como esta. A relação de proximidade que se estabelece com a banda, a vibração que passa entre quem toca e quem ouve e vê, é sem dúvida elevada ao seu máximo nesta sala.
Mas passemos aos concertos propriamente ditos. A surpresa da noite estava realmente reservada para os PAUS, um novo projecto português que conta com elementos que já passaram pelos Vicious Five, Linda Martini, If Lucy Fell e Riding Pânico. Foram cerca de 30 minutos de grande som, que se deve seguir com bastante atenção pois vai dar que falar com toda a certeza.
Após uma pequena pausa para se proceder à troca dos materiais das bandas, sobem ao palco os HEALTH que tiveram um inicio demolidor e frenético. Um concerto bem rasgadinho onde a interacção com o público foi muito pouca, e onde quase nem ouve tempo para respirar tal foi a intensidade do mesmo. Os 60 minutos de duração do concerto passaram a voar! A voz melodiosa de Jake Duzsik contrastava com a as guitarras, sintetizadores e batidas que cada um dos elementos da banda californiana tocava. Para o fim ficaram reservados os grandes hits e apenas um encore.
Uma noite de surpresas sem dúvida. Recheada de boa música, com PAUS a encherem e de que maneira as medidas e HEALTH a revelarem-se altamente psicadélicos onde o débito de décibeis foi bem acima da média. Os rótulos de "noise rock", "electronic" e "experimental rock" assentam-lhes que nem uma luva.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Grizzly Bear - Coliseu do Porto - 27/05/10

(c) cochise_GRIZZLY BEAR

Numa semana atípica no Porto, onde a proliferação de concertos (The XX, Shellac, Thee Oh Sees ente outros) foi a nota dominante, partimos em direcção ao Coliseu para ver uma das bandas revelação de 2009, que com o disco lançado nesse ano,"Veckatimest", se afirmaram no meio musical "indie".

Não foi de estranhar a fraca afluência ao Coliseu, não pela qualidade do concerto que teríamos pela frente, mas sim por a vasta oferta de concertos já mencionada. A "olhómetro", arrisca-se o milhar de pessoas, e já estamos a ser bonzinhos! Foi pena que tal tivesse acontecido.

Antes dos Grizzly Bear, fomos "confortados" por uma Cibelle a solo. Bem diferente do que vimos em Guimarães em 2007, onde se fez acompanhar de banda. No Porto, e 3 anos depois, foi uma Cibelle mais calma, sempre a interagir com o público e que nos entreteve durante 30 minutos.

Bem dispostos e aparentemente contentes (o Porto, segundo disseram e repetiram inúmeras vezes, deslumbrou-os) surgem dando as boas noites em português. E foi uma entrada em grande com "Southern Point". Surpreendem-nos com a faceta de músicos multifacetados, e na 3ª música do alinhamento a improvisação aparente arrebata-nos.
Em "Two Weeks", o hit do comercial televisivo, convidam Cibelle a entrar em palco e a acompanha-los nos coros.

Nesta fase o concerto revelava-se já grandioso, não só pelos músicos em palco, mas também pelo brilhante desenho de luz, que tornou ainda mais brilhante o concerto, explorando e bem a musicalidade dos "Grizzly Bear".

Perto do fim do concerto pedem a todos que se ponham de pé, como se estivessem numa discoteca numa sábado à noite. Saem de palco pouco depois, entrando para o encore final, onde terminam com a versão acústica de "All We Ask".
Revelou-se um grande concerto. O que se houve no disco transpõe-se para o palco. As vozes revelam-se acertadas e complementam-se. Grandes músicos que debitam grandes músicas e que em palco se revelam brilhantes!

The National - High Violet


Na primeira audição do disco fica-se com uma sensação de desilusão. Não era aquilo que eu queria ouvir. Mas após mais umas quantas rodagens, comecei a ouvir o som dos The National… o som deles estava lá, e a primeira palavra que me vem à cabeça após High Violet se entranhar na pele é a de melancolia…

Mais umas quantas rodagens no rádio do carro e já não há dúvidas para mim: este disco vem um pouco na linha dos anteriores, nomeadamente Boxer ou Alligator. E ao dizer isto, não quer dizer que seja mau… antes pelo contrário, é bom! “High Violet” é um grande disco! Muito bem trabalhado, com tudo no sítio. Vê-se que estes 5 rapazes de Brooklyn sabem bem aquilo que fazem. Definiram um caminho, o das grandes músicas, e é por esse mesmo caminho que querem seguir.

Com este disco os The National serão certamente considerados uma das grandes bandas da actualidade e uma das que ficará para a história da Música. São, sem dúvida, uma banda “com pinta”.

Em “High Violet” podemos encontrar músicas que nos fazem sentir aconchegados, mas que nos levam para a tristeza, para territórios depressivos e de introspecção. A voz de Matt Beringer ajuda a que isso aconteça e o mesmo se pode dizer das letras. Mas resumindo... vale a pena ouvir, porque em 2010 poucos serão os discos que atingirão o nível deste. Será um dos melhores do ano!


sábado, 29 de maio de 2010

Shellac - Auditório de Serralves, 25-05-2010

(c) preguiça_Shellac

Os lendários Shellac visitaram finalmente o nosso país. A data do Porto revelou-se um concerto empolgante e muito profissional, numa perfeita postura em palco e comunicação com a audiência que tornaram inútil qualquer artificio cénico. A banda não inventou muito no set-list, sendo que os pontos altos foram My  Black Ass, Prayer To God e a última Spoke a finalizar em grande estilo, sem deixar dúvidas quanto à não existência de encore e a arrumar o palco ao mesmo tempo. Um concerto quase perfeito onde ficou a ideia que este espaço não é apropriado para este tipo de espectáculos, mas até neste aspecto a banda conseguiu dar a volta por cima. A primeira parte pertenceu ao Mission Of Burma que conseguiram ser empolgantes em algumas alturas e ofereceram um bom concerto para aquecer os ânimos para o que se seguiria.
Diz a própria organização que este será o último concerto Amplificasom durante uns tempos e que não sabem se voltarão, esperamos que voltem e em força.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Scout Niblett - The Calcination Of Scout Niblett (2010)

Calcinar significa reduzir algo a cinza através do fogo, e quando Scout Niblett acompanha os primeiros acordes com a frase “And the voices said Just Do It!” percebemos que estamos perante isso mesmo, um disco introspectivo em que, se conseguirmos aguentar a tensão, vamos ser apresentados a muitos dos pensamentos e sentimentos mais íntimos que a atormentam .  Chegando a  I.B.D. , o terceiro tema do disco,  fica claro que, ainda por cima, não iremos ter direito a nenhuma pausa,  a terapia será constante e desviar a atenção seria uma grosseria , pelo que este não é um disco que se possa iniciar a audição de forma leve. Se entramos no mundo de Scout Niblett é para o escutarmos até ao fim.
Todo o som do disco se baseia numa guitarra agressiva e crua, muitas vezes a única companhia para a belíssima voz da cantora, mas os momentos altos são quando ela e a sua guitarra se fazem acompanhar por si própria na bateria, por ex. em  “Kings”, “Cherry Cheek Bomb” ou o mais pesado “Ripe With Life”. Lucy Lucifer, com a bateria como único instrumento seria dispensável, mas é logo seguida por uma pequena e bonita Duke Of Anxiety que a faz esquecer. No final, Meet And Greet, um titulo irónico para a despedida, que sumariza tudo o que está para trás em quase dez minutos de grande intensidade.
Um disco que se torna uma experiência recompensadora se tivermos a coragem e o respeito necessário para o  acompanhar de inicio ao fim, uma viagem onde Scout Niblett com a sua guitarra nos faz sentir os seus demónios com uma genuinidade avassaladora - não será isto o verdadeiro guitar-hero?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mão Morta - Pesadelo em Peluche (2010)

Passados seis anos desde Nus, e à parte os diversos projectos a que a banda e seus membros se dedicaram, seria de esperar algo de mais ambicioso neste regresso às gravações dos bracarenses Mão Morta.
Existem aqui muito poucas novidades, sendo desde cedo claro que a fórmula continua a mesma, exceptuando talvez a falta de registos mais pesados (não se encontrando nenhum Anarquista Duval ou sequer Vertigem) que dão lugar a registos mais rock e relaxados como Teoria da Conspiração ou Tardes de Inverno.
O que não falta são as musicas mais lentas e calmas que lhes são características e onde acabam por se encontrar as melhores faixas do disco. O Seio Esquerdo de R.P., Biblioteca Espectral e Tiago Capitão são músicas capazes de fazer frente a qualquer clássico da banda e têm com certeza um lugar conquistado no alinhamento de concertos próximos. Menção honrosa para Fazer de Morto, aparentemente preferida dos próprios, a soar a uns Bad Seeds a cantar em português.
Diz a banda que a ideia que rodeia as canções partiu da obra de J.G. Ballard e mais ou menos facilmente se descobrem as referências à obra do escritor, desde Metalcarne, no ponto baixo do disco, até Tiago Capitão (Noites de Cocaína?), o ponto alto, são várias as referências que se diluem nas sempre excelentes letras do disco, que confirmam Adolfo como um dos melhores letristas em português.
No fundo são uns Mão Morta competentes, com algums apontamentos de excelência mas em piloto automático e ainda sem repetir a obra prima que se espera desde Mutantes S21.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Melvins - The Bride Screamed Murder (2010)

Os veteranos Melvins estão de regresso com "The Bride Screamed Murder", um álbum que se encaixa bem no catálogo da banda ao conseguir conjugar um pouco do som dos mais recentes registos com uma sensação de regresso ao passado.    
Novamente auxiliados por membros dos Big Business, os Melvins afastam-se dos anteriores A Senile Animal e Nude With Boots ao optar por uma estrutura menos convencional nas musicas (se é que alguma vez se pode utilizar esta palavra associada a Melvins) para dar lugar a um pouco mais de insanidade e exprimentação (deviam estar um pouco reprimidas nos últimos anos).
A primeira faixa é indicativa do que está para vir no resto do disco, uma catadupa de riffs poderosos e duas baterias em diálogo para tudo acabar numa boa dose de loucura, um falso arranque que abre caminho para Evil New War Good e Pig House, as duas melhores do disco. 
A partir daqui é puro Melvins, muitas ideias esquisitas, muita experimentação, vocalizações em unissono e uma sucessão astronómica de acordes pesadissimos. Com Hospital Up a ser o melhor exemplo da loucura e Inhumanity And Death o melhor exemplo de quanto rock'n'roll estes senhores ainda têm para oferecer.
Com My Generation a banda opta por gravar a música dos The Who em tom super-lento, dando uma nova e muito longa vida ao clássico. No fim P.G. X3, na tradição de longas e estranhas últimas faixas, muito eficaz no ambiente que provoca para o adeus ao álbum.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Beach House - Teen Dream



Vamos todos fechar os olhos. Vamos todos imaginar um universo paralelo. Já está? Então deixem-me dizer que é para lá que nos leva este disco. Para um espaço alternativo, uma zona de sonho (se calhar daí o nome - Teen Dream). O disco por si só é uma descoberta. Das músicas, das letras, da sonoridade e da voz de Victoria Legrand.
2010 começou pois em grande musicalmente, com o lançamento deste disco. Que nos fala de sonhos e de sentimentos delicados. Para quem como eu não conhecia muito da discografia deste duo (Victoria e Alex Scally), ouvir Teen Dream abriu o apetite para a descoberta dos discos que estão para trás. Se calhar o disco está abençoado, já que foi gravado numa igreja que se tornou em estúdio em Nova Iorque.
Músicas como Zebra, Norway, Lover of Mine ou até Used to Be levam-nos para o tal universo alternativo que aqui já mencionei. Intimo. Envolvem-nos calorosamente, protegendo-nos do que possa estar do outro lado. E é por isso que gosto deste disco, da sensação de aconchego que ele me transmite... o desligar da ficha... o fechar os olhos, dar o passo em frente e deixar-me levar pelos sonhos deste jovem par que tanto me encantou. Em jeito de rodapé, pare... e escute pois merece a devida atenção.

Assim nasceu... Oub'lá