Calcinar significa reduzir algo a cinza através do fogo, e quando Scout Niblett acompanha os primeiros acordes com a frase “And the voices said Just Do It!” percebemos que estamos perante isso mesmo, um disco introspectivo em que, se conseguirmos aguentar a tensão, vamos ser apresentados a muitos dos pensamentos e sentimentos mais íntimos que a atormentam . Chegando a I.B.D. , o terceiro tema do disco, fica claro que, ainda por cima, não iremos ter direito a nenhuma pausa, a terapia será constante e desviar a atenção seria uma grosseria , pelo que este não é um disco que se possa iniciar a audição de forma leve. Se entramos no mundo de Scout Niblett é para o escutarmos até ao fim.
Todo o som do disco se baseia numa guitarra agressiva e crua, muitas vezes a única companhia para a belíssima voz da cantora, mas os momentos altos são quando ela e a sua guitarra se fazem acompanhar por si própria na bateria, por ex. em “Kings”, “Cherry Cheek Bomb” ou o mais pesado “Ripe With Life”. Lucy Lucifer, com a bateria como único instrumento seria dispensável, mas é logo seguida por uma pequena e bonita Duke Of Anxiety que a faz esquecer. No final, Meet And Greet, um titulo irónico para a despedida, que sumariza tudo o que está para trás em quase dez minutos de grande intensidade.
Um disco que se torna uma experiência recompensadora se tivermos a coragem e o respeito necessário para o acompanhar de inicio ao fim, uma viagem onde Scout Niblett com a sua guitarra nos faz sentir os seus demónios com uma genuinidade avassaladora - não será isto o verdadeiro guitar-hero?
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